domingo, 7 de junho de 2015

Bactéria KPC contamina três e Huse tem que interditar UTI 2

Gabriel Damásio
gabrieldamasio@jornaldodiase.com.br
A Fundação Hospitalar de Saúde (FHS) confirmou ontem à tarde que interditou a segunda Unidade de Terapia Intensiva (UTI 2) do Hospital de Urgência de Sergipe (Huse), em Aracaju, por causa do surgimento da bactéria Klebsiella Pneumoniae Carbapenemase, conhecida como KPC, resistente a muitos antibióticos e considerada uma das principais causadoras de infecção hospitalar. Segundo informações divulgadas pela direção do Huse, três pacientes foram contaminados pela bactéria e estão isolados, recebendo tratamento. Outros dois casos suspeitos, de pacientes que contraíram a bactéria sem desenvolver a infecção, ainda são investigados pelos médicos. Outros 13 exames para detecção da doença já foram feitos e aguardam apenas a divulgação do resultado.

Os casos são apurados há pelo menos um mês pela Comissão de Controle de Infecção Hospitalar (CCIH) do Huse. De acordo com a diretora operacional da FHS, Márcia Guimarães, todos os pacientes identificados com o KPC passam bem e estão sendo medicados com amicacina, um antibiótico capaz de matar a bactéria. "A bactéria é resistente a muitos antibióticos, mas é sensível a um antibiótico chamado amicacina, e os pacientes estão já sendo tratados. Todos os pacientes já identificados com esta situação começam logo a ser tratados com a amicacina. É uma medicação que está disponível no Huse", disse Márcia, assegurando ainda que a bactéria "não causa pânico e nem agrava a situação do paciente". Os contaminados devem passar até duas semanas em tratamento com o antibiótico e fazer exames de hemocultura (detecção de bactérias e vírus no sangue) a cada 48 horas.

Apesar do tratamento, algumas medidas de controle da circulação de pacientes e acompanhantes passaram a ser aplicadas desde ontem, como o limite de 15 minutos para a permanência de acompanhantes e visitantes na UTI e a exigência mais rigorosa da prática de lavar as mãos e usar equipamentos de proteção individual (EPIs), como luvas, toucas e capotes. "A infecção causada por essa bactéria não é diferente de nenhuma outra bactéria do tipo. Não há risco para a população, não é uma doença infectocontagiosa. As pessoas podem visitar os familiares e não correm risco de contrair qualquer infecção em função dessas bactérias. Mas precauções tem que ser tomadas e é imprescindível limpar as mãos, usar álcool gel e usar as luvas, as toucas e os capotes que estarão disponíveis a quem for visitar seu paciente", garante o médico Luiz Flávio Prado, coordenador das UTIs do Huse.

Também foram postos em prática o isolamento da UTI 2 e a criação de uma nova UTI em uma área do Centro Cirúrgico, com 15 leitos. A adaptação desta área acontecerá durante este final de semana, com a instalação de mais equipamentos e a convocação emergencial de médicos, enfermeiros e técnicos. De acordo com Márcia, alguns equipamentos estão disponíveis na reserva técnica da FHS e outros serão alugados temporariamente junto a outros fornecedores, até que os aparelhos sejam comprados - ou que o bloqueio contra a bactéria seja desfeito. A previsão é que a UTI emergencial comece a funcionar até esta terça-feira.

A diretora da FHS esclarece que estes leitos estarão disponíveis para os novos pacientes graves, pois os 27 pacientes internados na UTI 2 vão permanecer ali até receberem a alta para casa, isto é, não irão para outras dependências do Huse. No caso dos pacientes mais crônicos ou casos mais graves, eles serão posteriormente transferidos para outros locais. "Pra melhorar a questão de barreira [contra a bactéria], a gente está fazendo o bloqueio da UTI com relação a novas admissões e altas para as unidades do próprio hospital, para evitar que exista mais disseminação e porque estaremos tratando localmente, dentro do ambiente. Aí poderemos trabalhar melhor o profissional, para as medidas de uso de EPI e de controle interno", afirma ela. Ao todo, o Huse tem hoje três UTIs com capacidade para cerca de 50 leitos. 
Fonte: jornaldodiasergipe.com.br