sexta-feira, 25 de outubro de 2013

PROJETO PARA COLOCAR CÂMERAS EM SALAS DE AULA GERA POLÊMICA EM ESCOLA DE SP

Do UOL, em São Paulo               

  • Reprodução/Facebook
    Página de Facebook criada por alunos do Colégio Visconde de Porto Seguro, de São Paulo, para discutir o projeto de segurança da escola Página de Facebook criada por alunos do Colégio Visconde de Porto Seguro, de São Paulo, para discutir o projeto de segurança da escola
A proposta de instalação de câmeras de segurança nas salas de aula gerou polêmica entre os estudantes do Colégio Visconde de Porto Seguro, em São Paulo. Para debater o assunto, os alunos criaram o grupo e a página "Vigilantes do Porto" no Facebook. Até as 12h40 dessa sexta-feira (25), a página foi curtida por 2.364 pessoas.
A assessoria de imprensa do colégio informou, por e-mail, que não estão sendo instaladas câmeras nas salas de aula. "Estamos implementando um amplo projeto que visa à segurança de todos dentro do colégio. O projeto está sendo desenvolvido desde meados deste ano. Está na metade de sua implementação, que deve ser concluída em 2014", informou. 
Em uma das mensagens, os alunos postaram uma carta, que teria sido entregue para as diretorias da Fundação Visconde de Porto Seguro e do Colégio Visconde de Porto Seguro, em que afirmam que "a notícia sobre a instalação de câmeras com captação de vídeo e áudio em todas as salas de aula levou centenas de alunos e ex-alunos ao debate acerca de tal decisão. A posição de contrariedade às câmeras é praticamente unânime entre os alunos do Nível II e do Ensino Médio, bem como ex-alunos".
O colégio afirma que está sempre aberto para o diálogo e que considera a opinião de comunidade escolar muito importante. 
Segundo a assessoria, o colégio possui monitoramento de sistema de câmeras há, pelo menos, sete anos: "Estamos substituindo os equipamentos e tecnologia antigos. As câmeras estão sendo substituídas por um sistema mais moderno e alocadas nas áreas externas e comuns do Colégio, como piscina, estacionamentos, corredores e etc, bem como áreas periféricas". 
O UOL entrou em contato com os alunos que criaram o grupo e foi informado que o grêmio e os líderes da campanha decidiram não se pronunciar sobre o tema. Segundo os estudantes, a diretoria informou em reunião que suspendeu a instalação das câmeras até fevereiro e garantiu que haverá discussões sobre o assunto. 
O colégio, fundado em 1878, possui três unidades: Morumbi, Valinhos e Panamby. As escolas atendem alunos do ensino infantil ao ensino médio, com currículo brasileiro e currículo bilíngue - em Alemão. 

Outros casos 

Em setembro do ano passado, o colégio Rio Branco, na capital paulista, penalizou 107 estudantes que protestaram contra a instalação de câmeras dentro das salas de aula. Os estudantes disseram que não foram avisados da mudança e que ficaram assustados com os equipamentos.
Na época, o o vice-presidente da comissão especial da criança e do adolescente da OAB (Ordem dos Advogados do Brasil), Ariel de Castro Alves, afirmou que os dirigentes do colégio poderiam ser penalizados pela instalação das câmeras. A pena aplicável, de acordo com o artigo 232 do ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente), seria detenção de seis meses a dois anos.
"Eu entendo que configura o vexame pelos jovens estarem o tempo todo vigiados e o constrangimento de estarem sendo tratados como suspeitos sem que exista qualquer justificativa plausível para essa suspeita", disse. Ele ainda destaca que mesmo se os pais estiverem de acordo com o uso das câmeras, o crime ainda é configurado se os alunos se sentirem constrangidos.
Já a  escola municipal Sebastiana Cobra, em São José dos Campos (SP), instalou dezesseis câmeras de segurança pelo prédio, inclusive nos banheiros utilizados pelos estudantes. Segundo a Secretaria Municipal de Educação, os equipamentos são fixos e voltados para os lavatórios, o que garante a privacidade. Ainda de acordo com o órgão, apenas uma mãe reclamou da ação e teria solicitado a retirada dos equipamentos.
O pedido específico das câmeras no banheiro teria sido feito para evitar depredações no espaço, como lixos espalhados pelo chão e entupimento de vasos e pias, e também para coibir intimidações e situações de bullying entre alunos de diferentes idades.